quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Caminho

Saímos de manhã cedo. Era um daqueles dias fantásticos de verão em que entrámos nos carros direitinhos a uma bela semana de férias todos juntos. Foram 3 carros carregados de amigos que há muito não se juntavam para estas andanças e pusemo-nos ao caminho. Com os raios de sol a baterem-nos na cara ouvíamos alegremente as canções que marcaram a nossa juventude, dos tempos em que a vida era feita lá na rua com uma bola e dois pares de mochilas.
Percorremos quilómetros e quilómetros até que fizemos a nossa primeira paragem numa praia deserta onde passámos a manhã percorrendo a praia todos nus até que percebemos que lá em cima da colina havia um miradouro cheio de belas turistas holandesas que nos assobiavam e apupavam.
Continuámos o caminho pela costa até que fomos dar a uma zona perdida à beira-mar com umas ventoinhas eólicas e com umas camaratas, num espaço paradisíaco que tinha tudo para ser perfeito.
Durante dias vivemos numa perfeita anarquia aproveitando tudo o que aquela natureza nos dava. Entre o surf e as refeições, as guitarradas e os mergulhos, os “joints” e as gargalhadas criámos um espírito de irmandade inigualável que acabava nas longas conversas nocturnas e no relembrar da nossa infância e juventude. Mesmo sabendo que éramos como irmãos, todos tínhamos a noção que poderia não ser assim para sempre, mas também todos sabíamos que aquela semana tinha sido como que percorrer um “caminho”… um “caminho” em que…

…Qualquer um podia ver que a estrada
Em que eles andam
É pavimentada em ouro
E é sempre verão
Eles nunca ficarão com frio
Nunca ficarão com fome
Nunca ficarão velhos e grisalhos

1 comentário:

Anónimo disse...

Agora que a minha vida Académica me permite já poder comentar textos literários, diria que esta "tira" de papel para além de retratar um sentimento e um pensamento que nos envolve constantemente, explica também um pouco das nossas vidas, e do que provavelmente, uma vez por mês, nos depara mos a fazer.
É por estas razões que não compreendo porque não nos lançamos ao "tal" caminho em vez de continuarmos com as nossas "lamúrias mensais".


P.S.Parafraseando o Dr. Carlos Santos Prereira, esta "merda" tá carregada de nostalgia e aperta o coração, mas tá aqui uma "puta" de texto divinal..