segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A queda

Entrei e fechei a porta. Senti o típico arrepio na barriga mas levantei a cabeça e enfrentei os meus medos pois sabia que apesar do risco que corria poderia experimentar a mais bela sensação do mundo. Então, assim o fiz, e acabei mesmo por me sentar confiante no pequeno banco de cabedal onde mexia nos botões que ligavam o motor 1 e o motor 2. Fiz-me à pista e uns segundos depois sentia a sensação libertadora da descolagem como se me dirigisse para um sítio bem melhor. Com a pressa de fugir e num acto de rebeldia parti mesmo sem avisar a torre de controlo que me fazia vários apelos de contacto.
Quando cheguei aos dez mil pés de altitude no pequeno avião senti que algo não estava bem e que já não havia nada a fazer. Deixei-me cair a toda a velocidade e não fui capaz de evitar o inevitável. Embati na terra a toda a velocidade mas consegui escapar apenas com umas feridas, algumas delas bem difíceis de cicatrizar mas nada que me impeça de continuar a minha vida.
A única coisa que sei é que a partir do dia em que tomei consciência do sucedido nunca mais consegui voltar a entrar no avião e fazer-me à pista. Não consigo tomar a decisão de descolar sabendo que corro o risco de voltar a cair. Só confiava no velho avião mas até esse acabou por me falhar.

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