sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Batalhoz das Paixões Natalicias

Quando andava no secundário era tradição eu e um amigo meu ficarmos na escola até que já fosse noite cerrada. Gostávamos da sensação de sermos os últimos a sair daquele sítio e de podermos lá estar de noite a tocar algumas malhas e a conversar. Enquanto vagueávamos pelos corredores vazios, curtindo o silêncio que só era possível aquela hora, pensávamos cada um para seu lado nos nossos amores. Éramos os dois da mesma turma e tínhamos uma grande paixão por duas colegas de turma. Eu com uma miúda de aparelho e caracóis loiros e ele por uma miúda magra e morena.
Lembro-me especialmente de uma noite que ficámos, como de costume, até mais tarde na escola e de estarmos sentados os dois num banco que ficava em frente ao aquário a lamentarmo-nos da pouca sorte ao amor que tínhamos. Ficávamos ali a pensar, enquanto o meu colega criava na sua guitarra algumas músicas que escrevia para a amada.
Ao fim de umas horas saímos de lá com um sentimento de nostalgia fantástico e descíamos a rua toda enfeitada devido à época natalícia enquanto continuávamos as lamurias. Adorávamos a magia daquela rua! Era, sem sombra para duvidas, mágica e cumplice dos nossos pensamentos.
Era triste e desmotivante mas no fim de contas parecíamos gostar daquela sensação de aperto no coração que os amores improváveis nos davam porque, afinal de contas, eramos apenas dois adolescentes que queriam ter mais em que pensar do que em cafés e televisão.

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